Substituir modelos de uso único por modelos de reutilização é uma das maiores oportunidades para reduzir a poluição por embalagens, diz o novo estudo da Fundação Ellen MacArthur.
Os resultados apontam para que a mudança para modelos reutilizáveis gere uma redução de mais de 20% no total de plásticos que são descartados e encontrados nos oceanos, todos os anos, até 2040.
Segundo a fundação, a utilização de embalagens reutilizáveis pode desempenhar um papel no combate à poluição por plásticos, assim como na redução do uso de materiais virgens, das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e do consumo de água.
«Apesar de iniciativas conjuntas ambiciosas como o Compromisso Global, o mundo não está no caminho certo para eliminar os resíduos e a poluição por plásticos, e promover a reutilização em escala é uma das principais oportunidades de mudar esse cenário. Sempre que possível, é essencial eliminar o uso de embalagens, e os esforços de reciclagem continuam necessários, mas, para alcançar um futuro em que o plástico nunca se torne resíduo, é preciso expandir os sistemas de reutilização. Nos últimos cinco anos, houve avanços no setor, e os pilotos existentes são um passo na direção certa, mas a ação deve ser mais ampla e rápida para enfrentar um desafio dessa dimensão e usufruir os benefícios que essa revolução pode trazer», refere o estudo
O estudo é focado em embalagens retornáveis num modelo Business-2-Consumer (B2C). Os clientes compram produtos da mesma forma que fariam normalmente, mas em embalagens reutilizáveis, que são posteriormente devolvidas à empresa para que passem pelos processos de limpeza e refill antes de serem colocadas novamente à venda.
O modelo é diferente dos modelos de refill, no qual os clientes ficam com as embalagens para reutilizá-las, diz a fundação, mas a abordagem escolhida é mais próxima dos sistemas atuais, desde o enchimento da embalagem, passando pelas cadeias de fornecimento no retalho até a experiência de compra do cliente. Dessa forma, diz o estudo, os modelos retornáveis solucionam diversas preocupações quanto à reutilização, como a higiene, ocupação de espaço nos pontos de venda e conveniência dos clientes.
Porém, para expandir os modelos retornáveis e os benefícios que oferece, é preciso ampliar a infraestrutura de coleta e reprocessamento das embalagens, assim como resolver outros desafios, como a segurança para reutilizar materiais e mecanismos para estimular a devolução.
«Uma vez que, nos modelos de reutilização e retorno, as empresas mantêm a propriedade e a responsabilidade pelas embalagens, o seu papel é fundamental para garantir sistemas partilhados otimizados e incentivar os clientes a aderir ao modelo. Os legisladores, por sua vez, devem ajudar a criar condições favoráveis à reutilização, enquanto as instituições financeiras devem dar suporte financeiro e investimento na infraestrutura necessária», refere o estudo.
Além dos benefícios ambientais, a revolução na reutilização poderá contribuir para a criação de emprego. A fundação estima que possam ser criados até 11 000 empregos a nível local em diversas atividades da cadeia de valor da embalagem.
A Fundação Ellen MacArthur, instituição sem fins lucrativos sediada no Reino Unido, desenvolve e promove a economia circular para enfrentar as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, resíduos e poluição.
