Portugal já garantiu 1.178 milhões de euros em financiamento no âmbito do programa Horizonte Europa, segundo a avaliação intercalar recentemente publicada pela Comissão Europeia.

O relatório destaca o impacto estratégico deste programa-quadro, não só pelo volume de projetos apoiados — mais de 15 mil em toda a Europa, com um total superior a 43 mil milhões de euros — mas também pelo seu potencial económico: estima-se que cada euro investido possa gerar até 11 euros em retorno económico.

Entre 2021 e 2024, Portugal participou em 1.983 projetos, dos quais 519 são liderados por instituições nacionais. A maior parte do financiamento captado (62%) foi para universidades e institutos de investigação, com uma crescente diversidade de unidades de I&D envolvidas. As empresas, incluindo PME e grandes empresas, garantiram cerca de 30% do financiamento nacional.

“A avaliação intercalar do Horizonte Europa confirma que o programa é uma ferramenta estratégica para o futuro da Europa e demonstra que Portugal está no caminho certo, com resultados muito encorajadores”, sublinha António Grilo, presidente da Agência Nacional de Inovação (ANI). “A ANI continuará a apostar numa abordagem colaborativa e orientada para resultados, apoiando os nossos investigadores, empreendedores e empresas na valorização do conhecimento e na captação de financiamento europeu.”

Projetos colaborativos em áreas estratégicas

O maior volume de financiamento encontra-se no Pilar II – Desafios Globais e Competitividade Industrial Europeia, que apoia projetos colaborativos nas áreas mais relevantes para o futuro da Europa. Portugal tem uma presença sólida em áreas como:

  • Clima, energia e mobilidade (173,68M€)
  • Digital, indústria e espaço (161,43M€)
  • Alimentação, biotecnologia e agricultura (166,57M€)
  • Saúde (110,21M€)
  • Cultura e sociedade inclusiva (30,18M€)
  • Segurança civil (22,04M€)

Estes projetos estão abertos a entidades de diferentes tipologias: instituições científicas, empresas, municípios e associações.

“A comunidade nacional, em toda a sua dimensão, assume um papel central neste processo de definição do planeamento do último biénio do Programa-Quadro”, afirma Madalena Alves, presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). “Atravessamos uma fase em que a aposta na formação avançada, investigação e inovação, alargada a todos os setores, assume especial relevância.”

Inovação disruptiva com apoio europeu

Portugal tem também vindo a destacar-se no Pilar III – Europa Inovadora, nomeadamente no Conselho Europeu de Inovação (EIC), dedicado ao apoio a soluções com elevado potencial de mercado.


Entre 2021 e 2024, 16 empresas nacionais participaram no EIC Accelerator, captando 91 milhões de euros. No total, Portugal angariou 144 milhões de euros nos três instrumentos do EIC (Pathfinder, Transition e Accelerator), demonstrando competitividade e inovação disruptiva ao mais alto nível europeu.

Para Anabela Isidro, vogal da direção da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), “o investimento na investigação e inovação na saúde funciona como um motor de progresso e bem-estar das populações — o Horizonte Europa é uma alavanca essencial para esse caminho”.

Novidades para 2025

O encontro anual promovido pela ANI, em colaboração com a FCT, a AICIB e a Portugal Space, decorreu a 22 de maio no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, sob o tema “Preparar para o Sucesso em 2025”. Durante o evento, foram apresentadas as principais novidades para o próximo ano, com destaque para oportunidades para startups de base científica e tecnológica; Vouchers Deep Tech

  • Programas de apoio à preparação de candidaturas
  • O reforço da participação no programa WIDERA, que apoia países como Portugal na integração plena no Horizonte Europa

A taxa de sucesso de Portugal supera a média europeia em áreas como alimentação e biotecnologia, comprovando a qualidade do ecossistema nacional de investigação e inovação, que já ultrapassou os valores totais obtidos no anterior Horizonte 2020.