A empresa francesa Lactips desenvolveu uma solução para embalagem em papel ou cartão, para a área alimentar, que não necessita de qualquer aplicação de plástico.

A Lactips desenvolveu a primeira geração do Plastic Free Paper, com o apoio da organização ecológica CITEO. Desenvolveu uma nova solução de revestimento de matriz de celulose que garante a total reciclagem de papéis e cartão. É 100% de base bio, compostável em casa e pode ser selado pelo calor, fornecendo as barreiras de oxigénio, gordura e óleo mineral que são essenciais para a preservação dos produtos alimentares.

Plastic Free Paper packaging alimentar

Avanços para a reciclagem

 

Testes realizados com o Centre Technique du Papier (CTP), em França, e a Papiertechnische Stiftung (PTS), na Alemanha, confirmaram que não existe qualquer impacto na reciclagem dos papéis e cartões para as duas primeiras aplicações disponíveis: a substituição da camada de plástico para embalagens não alimentares, tais como películas para produtos secos ou gordurosos (sacos de chá, confeitaria, mastigação de animais de estimação, etc.); e a substituição de substâncias PFAS em papéis à prova de gordura em, por exemplo, embalagens de fast food.

O material desenvolvido pela Lactips não é um plástico, mas sim um polímero natural, em conformidade com o Regulamento Europeu n.º 1907/2006 (REACH), estando, por conseguinte, isento das exigências e restrições estabelecidas pela presente diretiva.

Laurent Lyannaz, Líder de Projeto de Produtos Funcionais e Serviços da CTP, explica: "A CTP realizou trabalhos laboratoriais num polímero natural baseado numa proteína desenvolvida pela Lactips. O produto foi capaz de ser aplicado e depositado com um processo convencional de revestimento em vários papéis sem quaisquer dificuldades. As características dos papéis revestidos confirmaram que este produto pode desenvolver efetivamente propriedades de barreiras de oxigénio e gordura. Estes produtos foram então testados para a sua reciclagem."

Alain Cochaux, Líder de Projeto de Reciclagem da CTP confirma: "Os resultados mostraram que estes novos produtos são recicláveis porque são compatíveis com processos industriais para reciclagem padrão. O revestimento da Lactips não impede a reciclagem de papeis e cartões no setor da reciclagem de embalagens, tal como definido pela Diretiva Europeia 2018/852/UE sobre embalagens e resíduos de embalagens."

Lactip bioAs soluções de embalagem de papel, que são cada vez mais populares entre os fabricantes, nomeadamente devido ao seu apelo aos consumidores finais, contêm frequentemente adjuvantes que limitam a sua reciclagem ou impedem a sua biodegradabilidade.

Soluções de embalagem de papel cada vez mais eficazes, mas muitas vezes à custa da sua reciclagem, e nem sempre podem ser utilizadas sem aplicação de uma película plástica ou metalizada, devido à permeabilidade à água, ao oxigénio e até às gorduras. Estes revestimentos dificultam a reciclagem do papel e geram resíduos que são praticamente impossíveis de separar e acabam por ser incinerados ou enviados para aterros. 

Certos papéis à prova de gordura são também tratados com substâncias alquilas por ou poli-fluorados (PFAS), que, devido a estes compostos que passam para produtos alimentares, foram sinalizados como um risco para a saúde pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) num relatório publicado em 2020.

A Dinamarca já proibiu o PFAS em papel e cartão desde 2020. Além disso, a Alemanha, Os Países Baixos, a Suécia e a Noruega anunciaram oficialmente planos para apresentar uma proposta à Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) até 19 de julho de 2022 para restringir a utilização de PFAS.